sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Revisão textual

Atividade sobre revisão textual

Revisão de texto

Neste texto, que aspectos textuais devem ser priorizados ao fazer a revisão coletiva com os alunos?
Elenque critérios para revisão.



ai meu Pé ai ai ai meu Pé cascão na Parava de grita ai meu pé a meu pé daí o cebolhinha saio corendo Para Pegan amaleta de socoros daí ele Pegou esta vajachegado Para ajuda o coita do do cas cão mas o ca cao falou Para ele meajuda meajuda Pofavom Pofavom cebolhinha meajuda Pela mol de deus tabom cas cão eu te ajudo daí o cas foi ajoda mas eu acho que ocas cão não gostou muito da idéia não saPorque o ele não gostou muito daí deia Porque o sebolhinha fecho aboca do cas cão e o se bolhinha fecho aboca de lhe e saiu corendo inbora Para casa dele e decho o cas cão la.


Registros dos Grupos

Grupos Aspectos e critérios ressaltados


  • CRISTINA – SILVIA

Revisão ortográfica e aglutinação Paragrafação e letras maiúsculas e minúsculas. Coerência e coesão – repetição e tempos verbais Metodologia – trabalho coletivo


  • ALICE, ISNARY E JULIANA

Estratégias: 1ª. Revisão coletiva dos aspectos da normatividade da língua (ortografias segmentação e uso de letras maiúsculas). 2ª. Revisão: individual com legenda (organização dos parágrafos): Legenda òPonto Final ÄParágrafo ÙVírgula O Exclamação *Interrogação 3ª. Revisão: coletiva – Adequação ao tipo de texto, aspectos coesivos, finalidade, interlocutores.


  • MARIANE, MARINA E PAULA

Ortografia com estruturação das palavras (segmentação e aglutinação)
Pontuação e paragrafação Repetição de termos METODOLOGIA Em duplas, circular os erros que os alunos perceberam na ortografia. No coletivo, o professor reescreve o texto na lousa com o foco na ortografia e na estrutura das palavras. Na segunda revisão, também de forma coletiva fazer a pontuação e paragrafação.


  • TEREZINHA, MÁRCIA, ROSA

Reescrita na lousa Introduzir alguns símbolos para correção (criação de uma legenda). ÄParágrafo . Ponto para final da frase (1 ideia completa) ù ir para outra linha, mudar de linha. , vírgula (pequena pausa quando lê a frase) / segmentar a palavra nesse ponto, pois esta “grudado” ou aglutinado. - Corrigir a letra ou sílaba (erre de ortografia). ¯ letra maiúscula inicial Separar em partes conforme a imagem de cada quadrinho


  • GILDA E FABIANA

Momento dividido em ¾ dias Coerência, Coesão Repetição de palavras Paragrafação Pontuação (Travessão . ?) Uso da letra maiúscula Segmentação de palavras e aglutinação Ortografia ESTRATÉGIAS: Mostraríamos o texto original no data show. E como “mediadora” do trabalho, instigaríamos para que os alunos percebessem o que precisa ser modificado (oralmente). Depois entregaríamos o texto para duplas Escolheríamos um texto revisado na dupla e projetaríamos com auxílio do Data show. Coletivamente faríamos as correções e a refacção do texto. Os alunos individualmente fariam o registro no caderno.


  • RENATA E CRISSIE

Ortografia Aglutinação Paragrafação Uso de maiúscula e minúscula Coerência textual Pontuação




Carta de Paulo Freire aos professores

Ensinar, aprender: leitura do mundo, leitura da palavra
NENHUM TEMA mais adequado para constituir-se em objeto desta primeira carta a quem ousa ensinar do que a significação crítica desse ato, assim como a significação igualmente crítica de aprender. É que não existe en-sinar sem aprender e com isto eu quero dizer mais do que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência de quem ensina e de quem aprende. Quero di-zer que ensinar e aprender se vão dando de tal maneira que quem ensina aprende, de um lado, porque reconhece um conhecimento antes aprendido e, de outro, porque, observado a maneira como a curiosidade do aluno aprendiz trabalha para apreender o ensinando-se, sem o que não o aprende, o ensinante se ajuda a descobrir incertezas, acertos, equívocos.
O aprendizado do ensinante ao ensinar não se dá necessariamente através da retificação que o aprendiz lhe faça de erros cometidos. O aprendizado do ensinante ao ensinar se verifica à medida em que o ensinante, humilde, aberto, se ache permanentemente disponível a repensar o pensado, rever-se em suas posições; em que procura envolver-se com a curiosidade dos alunos e dos dife-rentes caminhos e veredas, que ela os faz percorrer. Alguns desses caminhos e algumas dessas veredas, que a curiosidade às vezes quase virgem dos alunos percorre, estão grávidas de sugestões, de perguntas que não foram percebidas antes pelo ensinante. Mas agora, ao ensinar, não como um burocrata da mente, mas reconstruindo os caminhos de sua curiosidade – razão por que seu corpo consciente, sensível, emocionado, se abre às adivinhações dos alunos, à sua inge-nuidade e à sua criatividade – o ensinante que assim atua tem, no seu ensinar, um momento rico de seu aprender. O ensinante aprende primeiro a ensinar mas aprende a ensinar ao ensinar algo que é reaprendido por estar sendo ensinado.
O fato, porém, de que ensinar ensina o ensinante a ensinar um certo conteúdo não deve significar, de modo algum, que o ensinante se aventure a ensinar sem competência para fazê-lo. Não o autoriza a ensinar o que não sabe. A responsabilidade ética, política e profissional do ensinante lhe coloca o dever de se preparar, de se capacitar, de se formar antes mesmo de iniciar sua atividade docente. Esta atividade exige que sua preparação, sua capacitação, sua formação
Carta de Paulo Freire

21º ENCONTRO 30/10/2013 TEXTOS NA SALA DE AULA

21º ENCONTRO TEXTOS NA SALA DE AULA

 GÊNEROS TEXTUAIS


Texto - "A aldeia que nunca mais foi a mesma" - Rubem Alves

A aldeia que nunca mais foi a mesma


Era uma aldeia de pescadores de onde a alegria fugira, e os dias e as noites se sucediam numa monotonia sem fim, das mesmas coisas que aconteciam, das mesmas coisas que se diziam, dos mesmos gestos que se faziam, e os olhares eram tristes, baços peixes que já nada procuravam, por saberem inútil procurar qualquer coisa, os rostos vazios de sorrisos e de surpresas, a morte prematura morando no enfado, só as intermináveis rotinas do dia a dia, prisão daqueles que se haviam condenado a si mesmos, sem esperanças, nenhuma outra praia pra onde navegar...

"Noite estrelada", Van Gogh.


Até que o mar, quebrando um mundo, anunciou de longe que trazia nas suas ondas coisa nova, desconhecida, forma disforme que flutuava, e todos vieram à praia, na espera... E ali ficaram, até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa e a depositou na praia, surpresa triste, um homem morto...
E o que é que se pode fazer com um morto, se não enterrá-lo? Tomaram-no então para os preparativos de funeral, que naquela aldeia ficavam a cargo das mulheres; às vezes é mais grato preparar os mortos para a sepultura que acompanhar os vivos na morte em que se perderam ao viver. Foi levado para uma casa, os homens de fora, olhando...

No corpo morto as algas, os líquens, as coisas verdes do mar, testemunhas de funduras e distâncias, mistérios escondidos para sempre no silêncio de sua boca sem palavras...
As mãos começaram o trabalho, e nada se dizia, só os rostos tristes... Até que uma delas, um leve tremor no canto dos lábios, balbuciou:
– “É, se tivesse vivido entre nós teria de se ter curvado sempre para entrar em nossas casas. É muito alto...”
E todas assentiram com o silêncio.
– “Fico a pensar em como teria sido a sua voz”, disse uma outra. “Teria sido como o quebrar das ondas? Como a brisa nas folhas? Será que ele conhecia a magia das palavras que, uma vez ditas, fazem uma mulher colher uma flor e a colocar nos cabelos?”
As outras sorriram, surpresas de memórias que começavam a surgir de profundezas, como bolhas que sobem de espaços submarinos, desejos há muito esquecidos.
Foi então que uma outra, olhando aquelas mãos enormes, inertes, disse as saudades que arrepiavam a sua pele:
– “Estas mãos... que terão feito? Terão tomado no seu vazio um rosto de mulher? Terão sido ternas? Terão sabido amar?”
E elas sentiram que coisas belas e sorridentes, há muito esquecidas, passadas por mortas, nas suas funduras, saíam do ouvido e vinham, mansas, se dizer no silêncio do morto. A vida renascia na morte graciosa de um morto desconhecido e que, por isto mesmo, por ser desconhecido, deixava que pusessem no seu colo os desejos que a morte em vida proibira...
E os homens, do lado de fora, perceberam que algo estranho acontecia: os rostos das mulheres, maçãs em fogo, os olhos brilhantes, os lábios úmidos, o sorriso selvagem, e compreenderam o milagre: vida que voltava, ressurreição de mortos... E tiveram ciúmes do afogado... Olharam para si mesmos, se acharam pequenos e domesticados, e perguntaram se aquele homem teria feito gestos nobres (que eles não mais faziam) e pensaram que ele teria travado batalhas bonitas (onde a sua coragem?), e o viram brincando com crianças (mas lhes faltava a leveza...), e o invejaram amando como nenhum outro (mas onde se escondera o seu próprio amor?)...
Termina a estória dizendo que eles, finalmente, o enterraram.
Mas a aldeia nunca mais foi a mesma...
Não, não é à toa que conto esta estória. Foi quando soube da morte – ela cresceu dentro de mim. Claro que eu já suspeitava: os cavalos de guerra odeiam crianças; e o bronze das armas odeia canções, especialmente quando falam das flores, e não se ouve o ruflar lúgubre dos tambores da morte. Foi naquele dia, fim de abril, o mês do céu azul e do vento manso. Eu sabia da morte, mas havia em mim um riso teimoso, mais forte que o carrasco, esperança, visão de coisas que eu não sabia vivas. Foi então que me lembrei da história. Não, foi ela que se lembrou de mim, e veio para dar nome aos meus sentimentos e se contou de novo. Só que agora os rostos anônimos viraram rostos que eu vira, caminhando e cantando, seguindo a canção, risos que corriam para ver a banda passar contando coisas de amor, os rojões, as buzinas, as panelas, sinfonia que se tocava sobre a desculpa de um morto...
Mas não era isto, não era o morto: era o desejo que jorrava, vida, mar que saía de funduras reprimidas e se espraiava como onda, espumas e conchinhas, mansa e brincalhona...
Ah! O povo se descobrira, tão bonito como nunca suspeitara...
Não era raiva.
Não era azia.
Nem mesmo fome ou desemprego.
O bonito foi isto mesmo: que de tantos golpes, de tanta dor, tenham surgido canções, tenha brotado uma flor.
Lembra-se? Aconteceu na estação da Páscoa...
A Vida ressurge da Morte.
Três dias, vinte anos, um século... Não importa...
Por favor: conte para alguém a estória da aldeia que, depois de enterrar um morto, nunca mais foi a mesma.. Nós...



P.S.: Quase me esqueci de dizer. A estória é de Gabriel Garcia Marquez. Eu só a recontei do meu jeito...


(Rubem Alves, crônica para o jornal “Folha de São Paulo”, em 19/05/1984)